Philip Roth, The Dying Animal, Vintage Books (2001)
sexta-feira, janeiro 30, 2009
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Philip Roth, The Dying Animal, Vintage Books (2001)
quinta-feira, janeiro 29, 2009
está provado
Eça de Queiroz, A Relíquia (1887).
Coelho
adenda: o London Review of Books disponibiliza no seu site, vinte e um ensaios sobre Updike. Alerto-vos ainda para a, aparentemente nada simpática, recensão de Gore Vidal a In the Beauty of the Lilies de Updike, a mais extensa recensão jamais publicada no Times Literary Supplement.
terça-feira, janeiro 27, 2009
Rebecca Hall: um ser humano integralmente concebido para estar a sorrir
Que a Rebecca Hall é a tipa mais gira do Frost Nixon, até porque é a única, é indiscutível. Mas eu acho que ela também deve ser a tipa mais gira do Vicky, Cristina e Barcelona (se tivesse sido o Nicolau Breyner a dar este nome a um filme queria ver). E vocês devem achar que eu sou estúpido, dado que o Woody Allen pôs a Penélope a comer a Scarlett. E são capazes de ter um bocadinho de razão. Isto é uma espécie de equilíbrio de Nash.
sábado, janeiro 24, 2009
un jolie mix pour toi
True, one might wonder how Obama's evacuation of power relations in the political realm goes together with his faith in the agon of capitalism, competition, and the salutary effects of free markets. One might also wonder how such a political position might genuinely begin to deal with poverty. But I don't want to go down the route of the classic critique of liberalism, according to which politics is evacuated in favor of the bifurcation of ethics, on the one hand, and economics, on the other, and the former is the veil of hypocrisy used to conceal the violence of the latter".
Há uma série de pontos importantes nessas linhas aí em cima que eu, por pura incompetência ortográfica, ainda não vos fiz ver. Mas é também por isso que nunca ninguém me convidou para ser professor na New School, onde teria a enorme oportunidade, entre outras, de me sentar numa retrete usada em anos diferentes pelo Horkheimer, o Adorno, a Hannah Arendt e o Hans Morgenthau. Mais a mais, e já na linha de alguém que tem mais que capacidades para evacuar nesse locus historicus do pensamento político do século XX, partilho convosco as imensas possibilidades filosóficas, ao nível da ontologia, que são avançadas por um anúncio do queijo terra nostra em que é dito algo como isto: "os açores apenas foram habitados em 1420. É isto que torna terra nostra tão único". Eu tenho 27 anos, o Heidegger escreveu o Ser e o Tempo aos 29, logo tenho dois anos para mergulhar nesta problemática; como é que é relevante para a existência do queijo terra nostra no século XXI, não ter havido gente nos açores até 1420? Estará a malta do terra nostra a dizer que a existência de queijo terra nostra é anterior, ontologicamente, à existência humana na ilha? Será a própria ilha, enquanto acidente geográfico, anterior à concepção humana de ilha? Farão os animais queijo? Será o açor a primeira ave quejeira? Isto é muito complicado. É quase tão complicado aliás, como o gajo que fez a crítica do novo livro da Irene Flunser Pimentel (que é, by the way, das pessoas mais interessantes que este país faz o favor de acolher) escrever que "o reconhecimento de que os criminosos são seres humanos acarreta terríveis conclusões acerca da natureza humana" sem citar o Eichmann em Jerusalém da Hannah Arendt, quando isso é exactamente a dura conclusão a que Arendt chega. Isto é: que afinal os cabrões dos Nazis não são todos uns seres humanos diabólicos mas sim seres humanos. Especialmente estúpidos é claro, mas isso é o que há mais por aí.
terça-feira, janeiro 20, 2009
Hitchens
"I was once introduced, in the Cosmos Club in Washington, to Willis Carto of the Liberty Lobby, a group frequently accused of being insufficiently philo-Semitic. Mr Carto unburdened himself of quite a long burst about the power of finance capital, whereupon our host, to lighten the atmosphere, said, “Come on Willis, you’re sounding like Ezra Pound”. “Ezra Pound!” exclaimed Mr Carto. “Why, I love that man’s work. Except for all that goddam poetry!” I thought then that if one ever needed a working definition of an anti-Semite, it might perhaps be an individual who esteemed everything about Ezra Pound except his Cantos".
Ou este:
"At a dinner party that will forever be green in the memory of those who attended it, somebody was complaining not just about the epic badness of the novels of Robert Ludlum but also about the badness of their titles. (You know the sort of pretentiousness: The Bourne Supremacy, The Aquitaine Progression, The Ludlum Impersonation, and so forth.) Then it happily occurred to another guest to wonder aloud what a Shakespeare play might be called if named in the Ludlum manner. At which point Salman Rushdie perked up and started to sniff the air like a retriever. “O.K. then, Salman, what would Hamlet’s title be if submitted to the Ludlum treatment?” “The Elsinore Vacillation,” he replied—and I find I must stress this—in no more time than I have given you. Think it was a fluke? Macbeth? “The Dunsinane Reforestation.” To persist and to come up with The Rialto Sanction and The Kerchief Implication was the work of not too many more moments".
Repararam como em meia dúzia de linhas o gajo nos deixa irremediavelmente ansiosos para saber o diz o resto do texto? Serei só eu que acha isto soberbo (estou com uma dose cavalar de anti-histamínicos nos cornos, até injecções intramusculares levei)? Até podia nem dizer nada de jeito nas páginas seguintes (diz) que, com parágrafos iniciais destes, só estamos a ler para podermos voltar ao início com sentido de missão cumprida e reler o primeiro parágrafo mais cinco vezes.
segunda-feira, janeiro 19, 2009
the Atlantic
Poderão pensar que a coisa vem desde Roosevelt ou algo assim porque os americanos não têm história como nós temos e porque eles compram casas pré-fabricadas com nomes tipo Versailles Grand Chalet ou Louis XIV's Guillotine Wonder. Enganam-se. Os textos vêm desde Lincoln (1860) até Clinton, passando por Grant, Teddy Roosevelt, o fascinante Woodrow Wilson, F.D.R., Kennedy, Carter e Reagan. A lista termina com um artigo de Andrew Sullivan sobre Obama.
béla fleck and the flecktones
Ora temos portanto, da esquerda para a direita, a seguinte disposição: Victor Wooten, um dos melhores baixistas do mundo, Béla Fleck, o maior banjista (que nome se dá a um gajo que toca banjo?), Jeff Coffin, o melhor saxofonista careca com barbicha do mundo e, por último, Futureman, o único homem do globo que toca Drumitar. Perguntam vocês em coro, Mater Dei style (Santo Amaro está muito batido), o que é um Drumitar divino filipe? A resposta está aí em baixo. Para aqueles que acham que o sistema métrico não deve ser adoptado nos Estados Unidos, a leitura do trecho seguinte é desanconselhável.
"At the heart of that music is RoyEl's ground breaking percussion technique performed on his first invention he calls the Drumitar. The guitar shaped Drumitar allows him to replicate sounds of an entire contemporary drum kit with just a few fingers. His desire to play with the greatest possible emotional sensitivity has led to his new creation, "The RoyEl": an instrument shaped like a piano upon which he is composing music for the new century. This music employs the power and science of Mother Nature to attain the natural ratios of the Golden Means (Phi) and the keyboard is styled after the table of the periodic elements. It's no accident, he said, that the RoyEl resembles a keyboard since "More and more I see the piano like a drum set and the drum set like a piano."
quinta-feira, janeiro 15, 2009
freedom-loving people
A ler uma interessante lista de pequenos artigos de opinião de habituais colaboradores da London Review of Books, sobre a recente guerra em Gaza.
Policarpo
quarta-feira, janeiro 14, 2009
terça-feira, janeiro 13, 2009
segunda-feira, janeiro 12, 2009
O 'perito', como o 'cientista político' tem destas coisas. De tanto cálculo, de tanta estratégia, de tanta distância e análise clínica, acaba por se desdobrar em análises imaculadas e elegantes, mas que no fundo não fazem sentido nenhum, porque de humano pouco ou nada têm. A facilidade com que Pires de Lima exalta as proezas militares Israelitas com o objectivo de destruir o Hamas, menorizando, por omissão, a miséria e a morte dos civis palestinianos que vivem em Gaza, diz também muito da estranha espécie de conservadorismo que alguns apregoam. Arrogantes e convencidos, tão certos estão da nobreza dos seus fins que se esquecem de olhar aos meios usados para os alcançar.
Arendt
Depois de ler este interessante artigo de Adam Kirsch - o mesmo Kirsch que ainda há semanas escrevia uma texto no mínimo preguiçoso sobre Zizek - sobre Hannah Arendt e o interesse que tem ressurgido no seu trabalho, surge-me como escolha quase óbvia para melhor livro lido por mim no ano que passou, Eichmann in Jerusalem: A Report on the Banality of Evil. As razões para escolha serão esgrimidas ainda hoje, espero, caso haja disponibilidade e paciência. Leiam por favor. Todos devíamos ser obrigados a ler isso.
Passion Pit
The Boston, MA-based Passion Pit began as a one-man project of singer and songwriter Michael Angelakos to produce a Valentine's Day gift for his girlfriend. The gift, an EP entitled Chunk of Change, soon wound up in the hands of friends and acquaintances, who were enthralled with the work. (tomei conhecimento destes seres via Sound + Vision).
O EP é bem giro. Bom, já que se escreve sobre esta espécie de pop que é o pop índio, confesso-me perplexo por haver uma quasi unanimidade no que respeita à nomeação do disco homónimo dos Vampire Weekend como um dos discos do ano passado. A sorte é que, por certo, serão todos obrigados a comer os encómios quando o álbum tiver sucessor. Eu sei que alguma animosidade extra pode toldar o espírito crítico, mas nunca consegui engolir aquela merda de eles gostarem de caracterizar a música deles como Upper West Side Soweto. Irrita-me. Soa-me a Hippie Chic. Além do mais, acho que lhes falta aquela decandência fundamental que sustenta a magia do rock índio (se bem que estes Passion Pit também me parecem ser excessivamente cheirosos). Também me preocupam os elogios palavrosos aos Last Shadow Puppets. É giro, tem umas canções interessantes, o tipo tem uma pronúncia engraçada, algumas melodias são jeitosas, e, por vezes, as linhas da voz são inesperadas e resultam bem. Mas é isso. Pronto, é bem orquestrado. Tem uns metais engraçados aqui e ali. As letras têm substância e vê-se que não há uma procura pela rima fácil. Pronto, ok. Last Shadow Puppets até pode ser mais giro do que eu achava antes de começar a escrever a série de coisas positivas que escrevi sobre eles. Há uma falha contudo: falta um bocadinho de violência na música (não nas letras) que o indie deve ter, nem que seja para mostrar se lhe for pedido. Ainda que, biograficamente falando, o gajo dos Puppets, que pertence aos Monkeys, namore com a Alexa Chung. O que é uma espécie de violência.