quinta-feira, janeiro 29, 2009

Coelho


Sinto a perda de John Updike, embora não tenha lido nenhum livro seu. Sempre li e ouvi que era um excelente escritor, um dos grandes escritores americanos dos últimos anos. Ainda assim, confesso que não tenho nenhum interesse particular em Updike. Antes dele poria Pynchon, mais Roth ou algum Foster Wallace. Procurei uma razão para o meu aparente desinteresse pela obra de tão reputado autor. Fico perdido quando o desinteresse não se prende com uma qualquer repulsa visceral infundada, que é o que normalmente acontece. Não tenho qualquer razão para desgostar de Updike. Acho que o problema deve estar relacionado comigo e com as traduções da sua saga Rabbit. É que se Harold C. 'Rabbit' Angstrom me remete para uma américa suburbana e burguesa, Coelho remete o meu imaginário para uma vila qualquer entre Coimbra e Vilar Formoso. Ao ler títulos como Coelho Enriquece, Regressa, Coelho ou Corre Coelho, imagino as desventuras de um tipo qualquer do interior de Portugal, entre França, o sucesso e a fuga ao fisco por causa de um negócio que envolve offshores. O que é até é material para dar uns bons livros ou uma biografia romanceada de um qualquer banqueiro, mas não me seduz.

adenda: o London Review of Books disponibiliza no seu site, vinte e um ensaios sobre Updike. Alerto-vos ainda para a, aparentemente nada simpática, recensão de Gore Vidal a In the Beauty of the Lilies de Updike, a mais extensa recensão jamais publicada no Times Literary Supplement.

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