terça-feira, julho 28, 2009

Saúde


Queria-vos apenas avisar que tenho imenso a dizer; preparo-me para escrever uma pequena dissertação sobre vacas-de-fogo e o Santuário de Nossa Senhora do Sameiro. Mas isso mais tarde. Agora, gostava que reparassem bem na facilidade com que a Isabel Vaz, do grupo BES Saúde, diz uma barbaridade de proporções homéricas, mas que para ela faz imenso sentido e tem imensa piada. Um negócio, é um negócio que é um negócio. Pois (encontrado aqui).

sexta-feira, julho 03, 2009

Asma al-Assad

Parece-me bastante importante que alguém que tenha algum interesse em relações internacionais tente perceber como é que o feioso do Bashar Al-Assad arranjou uma mulher tão bonita e aparentemente interessante, ainda que tenha nome de doença respiratória. A chave da paz no médio-oriente também passa por aí (quantas guerras não se evitaram pelo papel das consortes?). Para os mais sensíveis a coisas que fujam ao estereótipo, aviso já que a senhora não está, nem anda, de hijab, burca ou lenço na cabeça.

quarta-feira, julho 01, 2009

e agora como é?


"A pergunta fez-me recordar a visita de uma cançonetista espanhola que veio cantar ao Centro Galego, ou melhor, no teatro do Centro. Estava ela sentada numa cadeira nos bastidores, à espera da sua vez, a fumar nervosamente. Perto dela estava um maquinista, com um martelo na mão, à espera de um momento de acalmia para pregar um prego. A cançonetista sentada tinha a saia puxada para cima dos joelhos e mostrava umas pernas esplêndidas (era famosa pela voz e pelas pernas), exibidas agora fora de cena enquanto fumava. O maquinista, que estava ajoelhado, aproximou-se da cançonetista quase de cócoras para observar as pernas de perto. Pôs-lhe subitamente uma mão no tornozelo e a cançonetista não se mexeu. Parecia que não tinha dado conta. O maquinista percorreu com a mão uma das pernas perfeitas. A cançonetista continuou sem se mexer. O maquinista prosseguiu e passou a mão por umas coxas tão perfeitas e sedosas como as pernas (a cançonetista não usava meias). O maquinista meteu a mão entre as coxas que deixavam de ser coxas na púbis. A cançonetista que não usava meias também não usava calcinhas. Nem sequer sabia que havia este nome para aquilo a que ela chamava cuecas. O maquinista introduziu um dedo na racha. A cançonetista olhou finalmente para ele, acabou de fumar o cigarro e atirou-o para o chão, e disse ao maquinista: «O senhor acabou de chegar à cona. E agora como é?»

Guillermo Cabrera Infante, A Ninfa Inconstante, Quetzal 2009 (tradução de Salvato Teles de Menezes), pp. 98-99.

A leitura deste livro está a ser uma experiência única. Sem contar com a parte artística (tradução excelente, muito bem anotada, capa deslumbrante, bonita fonte, excelente utilização da página e bom papel), a verdade é que me imagino a tomar parte numa parte substancial dos diálogos que ali existem. Conversas estranhas, inconsequentes, trocadilhos, palavras deixadas a meio, palavras de outras línguas, famílias de palavras, risos, galhofas, fim, meio e princípio. Uma loucura constante. Dúvido que isto se volte a repetir.

ps. Os meus parabéns ao Francisco José Viegas, director editorial da Quetzal. Não há muito melhor que isto no que concerne à edição de livros.