"In the face of George W Bush's ultra-political presidency - his massive extension of executive power and his prosecution of a politics of fear based on the identification of an enemy as morally evil - it is not difficult to understand the popularity of Obama's anti-political vision. Against the messianic certainties of Bush, Obama promises a return to a beatific liberalism whereby everything is seen sub specie consensus. This is a world where good old democratic deliberation replaces decisionism and where the to and fro of civil conversation replaces religious absolutism. Democracy is not a house to be built but "a conversation to be had". After eight disastrous years of gross mismanagement, secrecy, and lies, it sounds like an absolutely blissful prospect.
True, one might wonder how Obama's evacuation of power relations in the political realm goes together with his faith in the agon of capitalism, competition, and the salutary effects of free markets. One might also wonder how such a political position might genuinely begin to deal with poverty. But I don't want to go down the route of the classic critique of liberalism, according to which politics is evacuated in favor of the bifurcation of ethics, on the one hand, and economics, on the other, and the former is the veil of hypocrisy used to conceal the violence of the latter".
Há uma série de pontos importantes nessas linhas aí em cima que eu, por pura incompetência ortográfica, ainda não vos fiz ver. Mas é também por isso que nunca ninguém me convidou para ser professor na New School, onde teria a enorme oportunidade, entre outras, de me sentar numa retrete usada em anos diferentes pelo Horkheimer, o Adorno, a Hannah Arendt e o Hans Morgenthau. Mais a mais, e já na linha de alguém que tem mais que capacidades para evacuar nesse locus historicus do pensamento político do século XX, partilho convosco as imensas possibilidades filosóficas, ao nível da ontologia, que são avançadas por um anúncio do queijo terra nostra em que é dito algo como isto: "os açores apenas foram habitados em 1420. É isto que torna terra nostra tão único". Eu tenho 27 anos, o Heidegger escreveu o Ser e o Tempo aos 29, logo tenho dois anos para mergulhar nesta problemática; como é que é relevante para a existência do queijo terra nostra no século XXI, não ter havido gente nos açores até 1420? Estará a malta do terra nostra a dizer que a existência de queijo terra nostra é anterior, ontologicamente, à existência humana na ilha? Será a própria ilha, enquanto acidente geográfico, anterior à concepção humana de ilha? Farão os animais queijo? Será o açor a primeira ave quejeira? Isto é muito complicado. É quase tão complicado aliás, como o gajo que fez a crítica do novo livro da Irene Flunser Pimentel (que é, by the way, das pessoas mais interessantes que este país faz o favor de acolher) escrever que "o reconhecimento de que os criminosos são seres humanos acarreta terríveis conclusões acerca da natureza humana" sem citar o Eichmann em Jerusalém da Hannah Arendt, quando isso é exactamente a dura conclusão a que Arendt chega. Isto é: que afinal os cabrões dos Nazis não são todos uns seres humanos diabólicos mas sim seres humanos. Especialmente estúpidos é claro, mas isso é o que há mais por aí.
True, one might wonder how Obama's evacuation of power relations in the political realm goes together with his faith in the agon of capitalism, competition, and the salutary effects of free markets. One might also wonder how such a political position might genuinely begin to deal with poverty. But I don't want to go down the route of the classic critique of liberalism, according to which politics is evacuated in favor of the bifurcation of ethics, on the one hand, and economics, on the other, and the former is the veil of hypocrisy used to conceal the violence of the latter".
Há uma série de pontos importantes nessas linhas aí em cima que eu, por pura incompetência ortográfica, ainda não vos fiz ver. Mas é também por isso que nunca ninguém me convidou para ser professor na New School, onde teria a enorme oportunidade, entre outras, de me sentar numa retrete usada em anos diferentes pelo Horkheimer, o Adorno, a Hannah Arendt e o Hans Morgenthau. Mais a mais, e já na linha de alguém que tem mais que capacidades para evacuar nesse locus historicus do pensamento político do século XX, partilho convosco as imensas possibilidades filosóficas, ao nível da ontologia, que são avançadas por um anúncio do queijo terra nostra em que é dito algo como isto: "os açores apenas foram habitados em 1420. É isto que torna terra nostra tão único". Eu tenho 27 anos, o Heidegger escreveu o Ser e o Tempo aos 29, logo tenho dois anos para mergulhar nesta problemática; como é que é relevante para a existência do queijo terra nostra no século XXI, não ter havido gente nos açores até 1420? Estará a malta do terra nostra a dizer que a existência de queijo terra nostra é anterior, ontologicamente, à existência humana na ilha? Será a própria ilha, enquanto acidente geográfico, anterior à concepção humana de ilha? Farão os animais queijo? Será o açor a primeira ave quejeira? Isto é muito complicado. É quase tão complicado aliás, como o gajo que fez a crítica do novo livro da Irene Flunser Pimentel (que é, by the way, das pessoas mais interessantes que este país faz o favor de acolher) escrever que "o reconhecimento de que os criminosos são seres humanos acarreta terríveis conclusões acerca da natureza humana" sem citar o Eichmann em Jerusalém da Hannah Arendt, quando isso é exactamente a dura conclusão a que Arendt chega. Isto é: que afinal os cabrões dos Nazis não são todos uns seres humanos diabólicos mas sim seres humanos. Especialmente estúpidos é claro, mas isso é o que há mais por aí.
4 comentários:
"Democracy is not a house to be built but "a conversation to be had"."
Esta frase é marcante no texto. Não sei se foi com este intuito que a frase foi escrita mas, de facto, a imposição da democracia acaba por ser uma negação da mesma.
Muito interessante também é o comentário do sr. Anthony St. John ao texto.
Mas são uns filhos da puta, certo? Pelo menos tu e a Arendt concedem-me isso?
Filipe, fizeste anos agora em Janeiro?!
PArabéns não sabia!!!
enganei-me em todos os números desse escrito. aliás, eu nunca escrevi nada do que está aí em cima e desafio o caro anónimo a provar o contrário.
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