quinta-feira, abril 23, 2009

tortura

Obama divulgou uma série de memorandos da época Bush sobre tortura, práctica também conhecida, em newspeak, por métodos de interrogação coercivos. Quando estas coisas acontecem, surge sempre alguém que atesta a utilidade dos métodos. A discussão em torno do hipotético ticking bomb scenario (um terrorista tem informação vital que pode impedir um atentado que vai acontecer num futuro próximo) parece quase tão inconsequente quanto a utilização de estados-natureza Hobbesianos como analogia da (aparente) imutabilidade da natureza humana. Contudo, estas situações 'hipotéticas' constituem importantes veículos de legitimação de prácticas que colidem com algumas das fundações mais elementares da nossa existência comunal.

Não concordando normal
mente com as ideias políticas de Zizek, tenho a dizer que a sua reflexão sobre tortura paira pela minha cabeça sempre que o tema vem à tona. Em entrevista a António Guerreiro para o suplemento Actual, dizia Zizek que discutir a práctica de tortura era um bocadinho como a sociedade questionar se haveria algum problema em violar mulheres. Obviamente que Zizek não é ninguém para dizer o que se deve discutir ou não. No entanto, acho que aqui ele tem toda a razão.

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