Au contraire de grande parte da crítica nacional e europeia, que recebeu o livro com enorme apreço e admiração, Michiko Kakutani, crítica literária do New York Times, arrasa As Benevolentes de Jonathan Littell. Parágrafos nada meigos:
"No doubt the author intends such remarks to convey the horrors of the Holocaust, but “The Kindly Ones” instead reads like a pointless compilation of atrocities and anti-Semitic remarks, pointlessly combined with a gross collection of sexual fantasies. That such a novel should win two of France’s top literary prizes is not only an example of the occasional perversity of French taste, but also a measure of how drastically literary attitudes toward the Holocaust have changed in the last few decades.
Whereas the philosopher Theodor Adorno warned, not long after the war, of the dangers of making art out of the Holocaust (“through aesthetic principles or stylization,” he contended, “the unimaginable ordeal” is “transfigured and stripped of some of its horror and with this, injustice is already done to the victims”), whereas George Steiner once wrote of Auschwitz that “in the presence of certain realities art is trivial or impertinent,” we have now reached the point where a 900-plus page portrait of a psychopathic Nazi, dwelling in histrionic detail on the barbarities of the camps, should be acclaimed by Le Monde as “a staggering triumph".
Ou muito me engano, ou isto vai dar bordoada entre os dois lados do Atlântico. Não li ainda As Benevolentes porque gostava de saber um pouco mais sobre o Holocausto antes de me dedicar às novecentas páginas do romance de Littell. Ainda assim, os temas da crítica de Kakutani (a estilização do Holocausto e os perigos da utilização de eventos histórios desprezíveis na ficção) devem suscitar reflexão.
4 comentários:
«(...) como devia e como deve fazer a minha geração, a dos que nasceram mais tarde, acerca das informações que recebíamos sobre os horroresdo extermínio dos judeus? Não devemos aspirar a compreender o que é incompreensível, nem temos o direito de comprar o que é incomparável, nem de fazer perguntas, porque aquele que pergunta, ainda que não ponha em dúvida o horror, torna-o objecto de comunicação em vez de o assumir como algo perante o qual só se pode emudecer de espanto, de vergonha e de culpa. Devemos apenas calar-nos, espantados, envergonhados e culpados? Para quê? (...) Mas pergunto-me se as coisas deviam ser assim: uns poucos, condenados e castigados, e nós, a geração seguinte, emudecida de espanto, de vergonha e de culpa.
Bernhard Schlink, em O Leitor
muito giro esse trecho. lenho que ler isso. dá cá.
vale a pena ler as benevolentes. não acho uma obra-prima mas é um bom romance. lá pela pastelaria há um texto sobre o assunto (procurar em Jonathan Littell)
Will do. Obrigado.Tenho-o aqui em casa mas ainda não tive coragem.
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