"É uma característica das pessoas que primeiro são doidas e por fim qualificadas de dementes o facto de deitarem pela janela fora (da sua cabeça) cada vez mais e sempre de forma contínua a sua riqueza mental e simultaneamente na sua cabeça essa sua riqueza mental se multiplicar com a mesma velocidade com que elas a deitam pela janela fora (da sua cabeça). Elas deitam cada vez mais riqueza mental pela janela fora (da sua cabeça) e ela vai sendo, na sua cabeça, cada vez mais e tornando-se naturalmente cada vez mais ameaçadora e por fim já não é suficiente o deitar fora (da sua cabeça) a sua riqueza mental e a cabeça já não consegue aguentar a riqueza mental que nela se vai incessantemente multiplicando e acumulando, acabando por explodir".
Thomas Bernhard, O Sobrinho de Wittgenstein (trad. José A. Palma Caetano). Assírio e Alvim, 2000.