Comecei hoje a ler o Roth*. Nunca tinha lido nada dele. Fui pressionado por diversas pessoas que considero minhas amigas a lê-lo. Dizem que é bom. Acontece que a estas mesmas pessoas irritava o facto de eu apenas ler autores mortos. Confirmo. Os últimos livros que li foram do Machado de Assis (vários), do Eça de Queiróz (vários), do Bioy Casares (vários), do Giorgio Bassani (vários), do Vergílio Ferreira (um). Embora estes três últimos sejam mais recentes que os dois anteriores, a verdade é que eu gosto particularmente do fim do século XIX e inicio do século XX. Gosto também do estilo de escrita de todos eles, embora seja um bocadinho diferente de autor para autor. Sempre gostei do estilo. São narrativas pausadas. Calmas. Onde acção se desenrola com um agradável vagar. Hoje, ao ler Roth, descobri mais uma coisa que me agrada nestes autores clássicos - as omissões. Ainda nem haviam passado dez páginas de Roth, já me tinha deparado com alusões, sempre desagradáveis, a odores como "cu", "cera dos ouvidos" e outras secreções corporais. Eu bem sei que estas existem. O Eça, o Machado de Assis e o Bassani também sabiam. Mas eles não diziam nada sobre elas. Eu prefiro assim na verdade. Mais um ponto para os clássicos.
* Estou a ler "O Complexo de Portnoy" do Philip Roth e prometo tentar lê-lo até ao fim.
5 comentários:
Eu gosto de textos viscerais. São mais verdade, mais força e, por isso, mais bonitos. Digo eu, que gosto de Al Berto e Cesariny e Heiner Muller e afins...
casei com um comunista!
Mas e se esses odores tiverem uma relação directa no contexto da narrativa torna-se essencial que sejam descritos com todo o pormenor.
E pode-se escrever bem sobre temas desagradáveis.
Mas eu também não leio nada há vários anos.
Mas é não é por isso que deixas de ser um dos maiores opinadores de literatura dos nossos dias.
q boa e fundada critica literaria.
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