quarta-feira, junho 20, 2007

Destruí algo lindo que tinha. Que tínhamos.

Destruí. É a verdade. Fui eu. Não foi mais ninguém. Não foste tu.

Fui eu quem disse que não dava, que não queria, que queria estar a sós. Fui eu que, com o orgulho digno de um parvo, de um triste, de um acéfalo, disse que era um ser egoísta. Assumi o meu egoísmo. Acolhi-o de braços abertos, com uma tristeza exterior e um sorriso interior.

Não foste tu, como o disseste. Como me quiseste fazer acreditar. Não foste tu, mesmo quando admitiste, do fundo do teu coração, com a tua voz triste, entre inspirações soluçantes, que tinhas que mudar, que querias mudar, que querias fazer tudo para mudar. Que estava disposta a tudo. Que ias até ao fim para tentar. Até Exeter. Até Londres. Para Lisboa.

Não foste tu.

Fui eu, angustiado com a minha vida, com a sina de uma relação à distância, com o peso das circunstância - que eram puramente conjunturais, vejo hoje (meu deus, como me faz triste) - com a solidão momentânea. Com as separações mensais. Com a forma como as semanas que passávamos juntos passavam a correr. Com a forma como acabavam, por culpa minha, sem quaisquer garantias de um reencontro.

Com a minha intransigência. O meu pessimismo. O meu egoísmo. O meu querer abdicar de tudo para viajar no nada.

Não sei se consigo viajar no nada. Não sei se consigo voltar ao tudo. Não por mim, mas por ti. Deves ter seguido.

Tenho a secreta esperança que não, mas conheço-te. Sei como és. Sei que és forte. Muito mais forte do que eu alguma vez serei.

E mesmo que aceites, não sei se te quero fazer passar por isso. Não sei se te mereço. Não sei se mereces que eu volte para a tua vida.

Não sei porque deixei de acreditar. Porque é que certos momentos abalam as nossas crenças mais profundas. Porque é que metemos o despertador para acordar de sonhos que estamos a viver. Não sei porque o fiz, mas fui eu.

Quero voltar ao sonho. Quero abraçar o vazio. Quero ser como fui. Feliz, sonhador, com um caminho para percorrer, pronto para os solavancos da caminhada. Quero amar. Amo.

Quero enfrentar o medo. Quero saber o que seria. Mas não te quero fazer sofrer. Não quero despejar o meu egoísmo novamente em cima de ti. Não te quero abalar.

Adorava saber se és feliz. Adorava saber se partilhas do que escrevo. Adorava que me abrisses a porta à tua vida.

Porém não to consigo pedir.

Mas não sei se resisto.

Desculpa.

4 comentários:

Anónimo disse...

Que lindo texto amigo canetas.

Liga!


C.

cardos disse...

Do que é que tu estás à espera para lhe ligar?

El-Gee disse...

o meu comentario a este texto segue por mail.

este comment esta aqui so porque este texto merece muitos comments, muitas reaccoes, muita reflexao e - na realidade - muita gaja boa a ler.

sofi disse...

Muita gaja boa a ler...para poder seguir em frente! Foi você que pediu?