segunda-feira, abril 23, 2007

Free Hugs alla Portoghesa

Free Hugs.

A primeira vez que vi isto dos free hugs foi há vários anos já num videoclip de uma música do Dave Matthews chamada Everyday.

Na altura lembro-me que achei imensa piada ao conceito.
Acho mesmo engraçado e comovente que pessoas abracem pessoas que não conhecem de lado nenhum. Mais do que o gesto em si, é o sentimento que as pessoas parecem ter, um sentimento de prazer, de irmandade, de companheirismo, que me realmente emociona.

Para mim um Free Hug quer dizer qualquer coisa como "estamos juntos no mesmo barco. Bora lá tornar isto um sitio melhor, com mais amor, mais amizade e mais respeito".

Ora, sempre que tive oportunidade de ver videos de Free Hugs o cenário era uma, duas, ou três pessoas, no meio de uma multidão em hora de ponta. Destoavam no meio de toda a gente. Eram como pequenas nuvens num dia radioso.

A minha experiência de Free Hugs cá em Lisboa foi caracteristicamente aportuguesada.
Estava eu a sair do metro do chiado, bem ressacado, a ouvir música ao berros, no meu habitual videoclip, OST do Luther Vandross (Never Too Much), quando me deparo com uma multidão de pessoas com cartazes a pedir abraços grátis.

Lembrei-me que a iniciativa era nesse dia. Abracei o primeiro. O abraço foi tão vazio que por momentos achei que ele tivesse um contador no bolso.
Abracei ainda mais um gajo que berrava desesperado por um abraço no meio da multidão.
No fim ainda abracei mais uma miúda.

Foram todos um bocado vazios os abraços. Não teve aquele sentimento.

Foi a minha experiência.

Tenho a certeza que muitos em Portugal o fizeram como eu acho que deveria ser.

1 comentário:

Unknown disse...

Pá, a referência ao Luther Vandross vale um abraço.
Um consolo que responde àquela estranha sensação de desenraizamento no tempo, quando se fala, por exemplo, nas aventuras longínquas da escola primária – e, de repente, se gera a confusão: “mas vocês não se lembram disto...?; mas não se lembram deste gajo…? espera, será que fui eu que imaginei…? Isto aconteceu...?”
E depois, alguém diz assim: “sim, sim, é verdade! esse gajo não era um central do Sporting, que dava porrada em todos mas mais no não sei quem…?” E nós, já com a imagem distorcida do Luther Vandross na cabeça, acabamos por dizer que os piores centrais, a esse nível, disciplinar, costumam jogar no Porto… mas que, no Benfica, o Neno também não cantava mal.
E acabamos por perceber a urgência de chegar a casa e ouvir, docemente recatados, o Luther Vandross.
Ab,

Marta