"Existe um impasse na vida política portuguesa? Existe. E não adianta andar numa chuva de acusações aos “políticos” pela sua “irresponsabilidade”, porque bem vistas as coisas, ninguém vota nos políticos que podiam fazer a diferença, a comunicação social abate-os para gaúdio dos piores, e ninguém, a começar pelos portugueses, está disposto a votar em soluções que impliquem risco e dificuldades. A situação actual é um bom espelho disso mesmo: os portugueses quiseram um PS sem maioria, dois partidos tribunícios a crescer e a única alternativa do governo enfraquecida. Ou seja, os portugueses quiseram protestar mesmo que isso significasse a ingovernabilidade. E quiseram-no muito conscientemente, porque a situação actual foi desejada pelo eleitorado, até muito racionalmente. Querem um Estado que continue a dar-lhes o que tem e o que não tem (votaram no PS), querem palco para as críticas demagógicas e populistas em que se reconhecem (votaram no PP e no BE) e não querem ninguém a mandar muito, porque, se querem estado máximo, querem governo mínimo (e por isso retiraram a maioria ao PS)."
Esse excerto foi retirado de um texto de José Pacheco Pereira, que podem ver na íntegra aqui. Mesmo se ignorarmos o ressaibo que condimenta cada palavra, o que é muito difícil, não posso deixar de achar absolutamente irónico que este texto tenha sido escrito pelo (segundo dizem) grande arquitecto do desaire eleitoral do PSD. Que alguma alma caridosa lhe compre um bilhete para Lanzarote.
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