Custa-me muito, imenso, compreender como é que o Sporting decidiu contratar o João Pereira. Eu esperava que, mais cedo ou mais tarde, o Sporting cometesse uma asneira deste tamanho. No entanto, confesso que uma golden share de mim achava que nunca seria sob o reinado de Bettencourt, our very own Chicago Boy. Contratar o João Pereira é, antes de mais, e como diz, cheio de razão, o António Figueira, um claro ataque ao valor simbólico de ser Sportinguista. O verdadeiro Sportinguista não se importa de perder, desde que ache que fez um bom trabalho. É um ser que lida mal com ganhar à trafulhice, em privado, naturalmente. Um benfiquista, em privado, acha que o benfica está no caminho certo depois de ter sido escandalosamente beneficiado numa partida. O sportinguista não liga demasiado àquilo e não considera o clube uma parte essencial da sua personalidade - não ser sportinguista não lhe causaria um défice identitário (como causaria a um benfiquista). Esta postura, distante e respeitosa, muito mais racional do que é normal na clubite, torna o sportinguista um ser que carrega uma perene dor na consciência. Com a presença de João Pereira no balneário, essa cruz torna-se insuportável. Mais ainda quando João Pereira, horas depois de ter assinado, diz que será do Sporting até à morte ladeado por ilustres membros da facção neo-nazi da Juve Leo. 'Ser do Sporting até à morte' é uma frase que não deixa nada por dizer. Nenhum Sportinguista é do Sporting até à morte, por reconhecer, exactamente, que o Sporting é um clube de futebol e outros desportos e que existem coisas muito mais importantes que isso. É bom conviver com o Sporting, mas ele não faz parte de quem somos. Nesse sentido está no lugar certo. Para mim, enquanto o João Pereira por lá andar, eu prefiro fingir que o Sporting não existe. Sem mágoa, continua tudo bem.
sexta-feira, dezembro 25, 2009
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2 comentários:
uns meses depois de ele lá andar, que confusão é que te faz ele ser ou não ser membro da equipa?
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