Um dos temas importantes e relevantes que divide alguma 'esquerda' de alguma 'direita' é a politização de determinadas esferas (o género e a identidade sexual, por exemplo). Um dos temas que une alguma 'esquerda' e alguma 'direita' é o pendor conservador (não na concepção filosófica do termo). Em ambos os aspectos, o que une os espectros está intimamente ligado ao que os divide. Todavia, as diferenças que existem manifestam-se essencialmente ao nível da prática política (reflexo talvez de certos compromissos epistemológicos e metodológicos). Com regularidade, a esquerda exibe um determinado conservadorismo em relação à mudança, especialmente quando esta invoca mudanças (mais ou menos radicais) causadas por processos económicos (como eu por exemplo fiz quando falei sobre a feira do livro, e isto é o mais próximo que me apanham de uma confissão política, por isso não se habituem). A direita, por sua vez, manifesta um certo conservadorismo quando confrontada com assuntos eminentemente sociais - aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, etc - temas que a esquerda tem tendência a defender. Se as semelhanças estão na utilização díspar no campo do social e do económico, as diferenças estão em que enquanto muita esquerda entende a disputa pelo social como um tema eminentemente político, alguma direita continua a tratar os processos económicos como algo técnico e despolitizado (o que nem sempre aconteceu). A bem do debate, era bom que se estabelecesse alguma justiça neste aspecto.
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1 comentário:
No meio disso tudo, não se pode jogar nos dois campos. Tem que se escolher um. E, na verdade, no que respeita à Feira do Livro, o teu discurso era igual ao da esquerda (a das boas editoras, que editam seres pensantes e intelectuais, como a Relógio d'Agua, a Assirio ou a Cotovia)e contrário ao da direita (a que só pensa em lucros e em estupidificar as massas ou que as massas são estupidas, escolha-se como bem se entender).
Queria apenas esclarecer esse ponto.
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