Estamos em tempo de indagações metafísicas. É o terrorismo, Obama, a crise, a prática de tortura, piratas, eleições, Manuela Ferreira Leite. É um estado de ansiedade permanente. Por vezes, parece que essa ansiedade perene é interrompida. Que da maior das trevas, como do mais cinzento dos céus, pode irromper um raio de luz que anima e que nos permite continuar mais um pouco. No entanto, por tantas outras vezes, esse raio mais não é que um simulacro de uma verdadeira libertação, uma ténue representação de um ânimo vindouro que não virá. A miragem do oásis no deserto. Hoje, há três horas, esse simulacro dava-se pelo nome de Anni Rossi. Encontrei essa pequena senhora de Chicago, com ar de aldeã citadina (hei-de explicar o que é isto), aqui, passei a manhã a ouvir, e por instantes senti-me livre de desânimo. Senti-me assente numa coerência metafísica. Não passou de um devaneio fundacional (herdeiro da condição moderna), constato agora. A falsidade da imagem ataca quando menos se espera (o mundo espectral é o conforto máximo) e à menor provocação. Isto porque Anni Rossi fez um cover dos Ace of Base. Desconforto total, dúvida, receio voltam a assombrar-me. Questões essenciais que se julgam esquecidas voltam com renovada premência. Qual a melhor música dos Ace of Base? The Sign? Don't Turn Around? All That She Wants? Que angústia.
quarta-feira, abril 29, 2009
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2 comentários:
Anni Rossi e Ace of Base são dois pilares essenciais na vida de qualquer um. Lamento que este meu comentário não venha trazer novas luzes à profunda problemática em cima da mesa e que, portanto, não anule minimamente a angústia dela derivada (e também por mim partilhada): a verdade é que nunca consegui eleger a melhor música dos AofB. Mas ouçamos Anni Rossi, pois, que ela, para além dos AofB, "fez a cobertura" dos Cure e outras tantas maravilhas originais.
É uma condição muito complicada. Obrigado pela solidariedade.
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