quinta-feira, novembro 27, 2008

change?

"Mr. Summers has spent much of his career tweaking fellow liberals with arguments he considers unpleasant truths — on the dangers of budget deficits, the benefits of capitalism and other subjects. But he seems to have decided that conservative orthodoxies have become a vastly bigger threat to good economic policy than liberal ones. His favorite argument today is one that instead drives some conservatives nuts.
It goes like this: To undo the rise in income inequality since the late ’70s, every household in the top 1 percent of the distribution, which makes $1.7 million on average, would need to write a check for $800,000. This money could then be pooled and used to send out a $10,000 check to every household in the bottom 80 percent of the distribution, those making less than $120,000. Only then would the country be as economically equal as it was three decades ago".

David Leonhardt, "The Return of Larry Summers", New York Times, 25.11.08.

É este o plano de combate à desigualdade que defende o principal conselheiro económico de Barack Obama, Larry Summers. Segundo o próprio, a desigualdade de rendimento entre ricos e pobres é o assunto principal do nosso tempo (na América claro, a nível global é um assunto secundário). Embora tenha as vias nasais totalmente obstruídas, isto tresanda a mudança (se bem que Summers é um personagem com piada, nada ortodoxo mesmo).

11 comentários:

Mr B disse...

não é isto que andam o hu jintao e o jiabao a apregoar nos últimos anos?

espiao chines é o q é!!

El-Gee disse...

Que bom que é Mr B

quanto a essa medida, é um excelente detractor de empreendedorismo. Nao me cheira que alguma vez algo parecido possa vir a ser aprovado.

quanto ao post anterior, do qual oportundamente removeste a possibilidade de comentar, tenho a dizer q gostava mais de ti quando nao eras homosexual.

filipe canas disse...

Porque é que é um detractor de empreedorismo?

Continuo a ter muitas duvidas quanto a esses tipo de raciocínio. Acho que a partir de certo nível de rendimento o input deste tipo de medidas não faz grande diferença. Não é suficiente para retirar o empreedorismo - acho isso um papão. Não me parece que haja menos empreendorismo em países com grande taxa fiscal. Acho que tens mais a ver com a cultura implementada.

Até porque se parte do princípio que grande parte do investimento que deixa de ser feito por esses um por cento é produtivo, o que não é necessariamente verdade. Dito isto, é absolutamente impossível que esta medida venha a ser implementada desta forma assim tão directa, mas com um disfarce fiscal qualquer é capaz de dar.

Depois podíamos falar da moralidade da medida, mas isso é toda uma outra conversa

R. disse...

Ah, mas essa é a conversa interessante. Sempre gostava de ver quem é que consideraria essa medida como imoral ou amoral. Gostava mesmo.

De resto, claro que não diminui o empreendorismo. Basta olhar para os países do Norte da Europa. Ali ninguém vive mal. E ninguém deixa de empreender só porque tem um IRC alto. E, se deixar, pelos vistos não faz grande falta.

Eu apoiaria essa medida. Parece-me óptima. Mas claro, como tudo o que é excelente e minimamente revolucionário, nunca irá para a frente. E nunca nesses termos.

El-Gee disse...

A mim parece-me evidente que num pais onde se cobrasse, de uma vez só, 800.000 dolares a quem faz 1.700.000 por ano, metade dessas pessoas mudariam a sua residencia fiscal. Só isso custaria mais caro ao Estado, em impostos perdidos, do que ser o proprio Estado a passar nao sei quantos cheques de 10.000 dolares.

E faz diferenca sim, Canas, é evidente que faz diferenca. Faz tanta diferenca, por exemplo, que foi ter um regime fiscal favoravel que fez de Londres a capital financeira mundial, em 20 anos.

O argumento da Escandinávia é obviamente falacioso: nao é por se "viver bem" em certos paises com carga fiscal elevada que a carga fiscal elevada, per se, perde a sua forca detractora na economia. Contra isso, Rita, bastaria entao dizer, com o mesmo nível de argumentacao, que ainda se viveria melhor, com menos impostos.

filipe canas disse...

Isso não é tão linear. As pessoas podem já abandonar os seus domicílios fiscais. Olha frança por exemplo. Há uns anos, imensa gente tinha domicílio no Mónaco, se não me engano. Ou as pessoas que têm inúmeras contas, empresas, off-shores e outras coisas que tais, e que acabam por declarar muito pouco do que recebem. Esse efeito de que tu falas pode bem ser verdade, mas já agora se pode evitar pagar impostos em determinado local e, além do mais, o Estado terá mecanismos para fazer com que isso não aconteça.

Quanto a londres, a liberalização do mercado financeiro tornou a cidade o centro financeiro mundial, isso é verdade. Agora, em primeiro lugar, isso foi feito à custa de uma desregulação ainda maior que a de Wall Street (lê o artigo do Robert Wade que te enviei); e, em segundo, eu (e muito boa gente como o Summers e o Stiglitz, entre outros) tenho muitas dúvidas sobre a capacidade de distribuição de riqueza do sistema financeiro (isto é, não tem que ver com o sistema em si, mas com o seu papel no combate à desigualdade - para além das próprias especificidades em termos de mobilidade do capital financeiro).

Mr B disse...

Tudo isso é verdade canas, mas há tendencia para se criarem hubs de empreededorismo em paises\regioes\cidades onde a cargar fiscal seja menos pesada.

Podes deslocar o pagamento de impostos para outros sitios, mas isso não é tao facil e linear como parece, principalmente para pequenos empreendedores.

Sem uma grande base de conhecimento, o que acho razoavel será permitir essa menor carga fiscal, para produzir riqueza através do mercado, mas será inevitável e contraproducente que o Estado não invista depois no combate às disigualdades.

Volto a repetir-me, mas se vires o artigo no wall street journal de hoje sobre a China e apesar de todos os esforços para, por um lado criar zonas de "teste" de liberalização do mercado e todos os esforços para combater as desigualdades entre classes em economias em rapido desenvolvimento, se não houver um combate às diferenças entre clases o desenvolvimento global dessa mesma economia estará sempre comprometido.

Seja em França, US ou UK, china ou india (embora aqui o problema seja mais politico que economico), na base está sempre um minimo de igualdade e podes ter grandes incentivos (que não passam apenas por taxas ou impostos) ao mercado, mas se não houver uma redistribuição da riqueza gerada, não me parece sustentável.

seabra disse...

Acho piada a este trio que discute repetidamente os mesmos assuntos em diferentes sedes.

É um assunto interessante de facto, mas temo que jamais (e repito JAMAIS) irão chegar a acordo.

Já agora, acho curioso que as recomendações da comissão europeia feitas na semana passada sejam exactamente opostas a estas do Mr. Summers.

seabra disse...

P.S - canas este teu ultimo pos - no qual nos retiraste a liberdade de expressão - é inadmissivel.

seabra disse...

P.S - canas este teu ultimo pos - no qual nos retiraste a liberdade de expressão - é inadmissivel.

filipe canas disse...

Acho que o Mr. Summers é mesmo o único gajo com alguma influência no mundo económico a advogar isso. O que, já por si, quer dizer alguma coisa.

Quer dizer, não deve ser bem o único, mas é o único que o faz desta forma desbocada.