quarta-feira, dezembro 05, 2007

control

Curiosamente, depois de Cristi Puiu ter dito numa entrevista ao Ípsilon que o seu filme se inspirava no clássico conto de Tolstoi, a Morte de Ivan Ilych, supreendeu-me bastante mais o quanto a história de outro conto de Tolstoi, o Diabo, se assemelha à história de Control e de Ian Curtis. Mas não vos vou contar a história.

O filme sobre Ian Curtis deu-me que pensar. Deu-me especialmente que pensar que se todos os meus amigos fossem como Curtis no que se refere a relações humanas, estariam mortos desde os 17 anos. No fundo, acho que Curtis e a música tinham pouco a ver. A história da vida dele não passa pela música. A música é parte da sua vida, claro. Mas é marginal. O problema dele é não conseguir realmente conviver com a sua natureza imperfeita. Ele não é perfeito, sabe-o, mas não consegue resistir a essa imperfeição - e, no fim, não aguenta ser constantemente esmagado pela mesma.

A sua relação extra-conjugal é isso mesmo. É algo de incontrolável mas totalmente errado. Curtis sabe isso mas não tolera a falta de controlo. Naturalmente também não controlava a sua vida. É por isso que decide acabar com ela.

Se todos tivéssemos a extrema coerência de Curtis o mundo seria por certo melhor, para grande felicidade de Malthus.

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