Gostava imenso de perceber como é que ainda ninguém me informou de que abriu uma cadeia de gelatarias em Lisboa com o nome Finzi-Contini. Aliás, gostava ainda mais de saber onde andam os literati portugueses que se exaltaram com tal facto. Porque é que ainda não houve um editor de uma qualquer revista literária nacional, Zé Mário Silva e o Francisco José Viegas em particular, que tenha mandado o Rogério Casanova, a Ana Cristina Leonardo, o António Guerreiro e o Lourenço Viegas (que também faz crítica literária à maneira dele) provar todos os sabores daquela gelataria? Fico também bastante preocupado por não me terem convidado para ser o Sr. Palomar da literatura italiana, mas pronto. E o Pedro Mexia? Pronto, o Pedro já não anda aqui entre nós e por isso dou-lhe algum desconto. Mas será que o Pedro Mexia também olha para aquela merda de barraca de gelados e pensa no Giorgio Bassani? O Pedro tem obrigação porque leu a obra toda do Pavese em italiano, duas vezes, de trás para a frente, segundo percebi. Estou muito irado como podem ver e ainda não usei nenhum ponto de exclamação. No entanto, estou lixadíssimo. Acreditem. Para me lixar ainda mais as já curtas férias, fui ao sítio da biblioteca nacional online e noto que apenas existe um livro do Bassani traduzido para português (os Contos de Ferrara, que são vários mas não sei de raio de edição foi aquela e não confio), editado pela Ática em 1964. É uma vergonha. O Giorgio Bassani pode não ser um vulto da literatura italiana no século XX, mas é um autor muito competente. Um dos livros da minha vida é o Gli Ochialli D'oro, livro que nunca verá uma tradução para português, para grande pena vossa. A sua obra-prima chama-se Il Giardino dei Finzi-Contini e conta a história da comunidade judaica de Ferrara durante a ascenção do nazismo. Ambos são livros que descrevem de forma atenta e sensível o rigor das exclusões sociais (no Gli Occhialli d'Oro a questão é a sexualidade). Para terminar, e para pôr em claro que o Bassani é um ser humano que merece toda a atenção possível, alerto-vos para o facto de ter sido o Bassani a editar o Il Gattopardo do Lampedusa, essa sim uma das grandes obras-primas da literatura mundial (ainda que seja uma história complicada a edição do Leopardo).
terça-feira, agosto 18, 2009
sábado, agosto 08, 2009
isto deve ser um bailarico dos grandes
A propósito disto, a minha dúvida é: se um ser humano chegar à mesa de voto de marcador preto na mão, abrir a camisa, vituperar contra tudo e todos, e fizer uma cruz que lhe ocupe o peito por completo, o que é que lhe acontece?
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